Desde hace dos meses nos habíamos enterado de la acción de visualización, denuncia y protesta que graffiters y pixadors habían hecho en el Pabellón de la Bienal de Sao Paulo. Toda la info en http://wokitoki.com.ar/pagina/130.
Básicamente, era un ataque ante la hipocresía con la que se planteaba la Bienal: una bienal sin obras, porque "la Bienal debe ser un lugar de crítica, un espacio político, una plaza pública".
En Sao Paulo, igual que en otras ciudades como Barcelona o Granada (o, lamentablemente, cualquier ciudad del mundo...), se persigue a artistas urbanos (pixadores, graffiteros, ...), por lo que era obvio que una bienal sin obras de arte era un insulto al trabajo diario de expresión cultural de estos artistas de la calle. ¿Porqué no ofrecer el espacio a iniciativas culturales autónomas de la ciudad, apoyando su trabajo (además, vital para el ecosistema cultural)? ¿Porqué perseguir a los graffiteros como vándalos, cuando están participando y aportando en la creación de la ciudad (como decía el otro día el Javi, en una ciudad "gris" como Barcelona)?
Una de las chicas pixadoras (Caroline Sustos) fue arrestada. Abajo un texto en portugués (aqui la web) y convocatoria internacional.
(((las razones del curator para hacer una bienal sin obras estan en la web de wokitoki. Por ejemplo: "Ésa era la idea, una gran provocación. Una crítica de la propia bienal hacia las bienales. Porque si somos los responsables de esta institución tenemos que movernos. Nunca pasará nada si seguimos charlando mientras tomamos copas, quejándonos de lo que ha hecho el comisario de turno. Hay que tomar posición. Es un espacio político. Por eso volvemos a la idea de la plaza como espacio político. Un punto de encuentro para generar algo. La crítica institucional es mi tema favorito del arte contemporáneo.")))
Voces estao informados de um dos resultados da Bienal Internacional de Sao Paulo que se encerrou hoje (08/12)? Uma mulher autodenominada pixadora esta presa, ameaçada de permanecer encarcerada por até tres anos. Caroline Sustos foi uma das integrantes do grupo de pixadores que invadiu a mostra. As paredes foram pixadas e repintadas e a mostra nao foi prejudicada.
Independente da discussao estética, se a pichaçao é ou nao arte, se se justifica ou nao, a atuaçao deste grupo ao invadir o predio da Bienal com um grupo de pixadores, foi também um ato expressivo, foi inequivocamente uma manifestaçao cultural que poderia, deveria ser discutida, avaliada, rejeitada e mesmo eventualmente contida. Que tenha como resultado a detençao de uma mulher apresenta-se como lamentavel e inaceitavel para as instituiçoes publicas de Sao Paulo.
Especialmente, a Bienal de Sao Paulo nao deve participar de um ato repressivo que resulte na detençao de Caroline Sustos (como assina seus autos de prisão) em suma, em mais uma pessoa encarcerada por
motivos muito discutiveis.
Pode-se sim considerar, ao contrario, que a proposta do curador Ivo Mesquita em manter um andar da exposiçao vazio, para um exercicio de reflexao sobre todas as Bienais do mundo, como afirmou, foi
devidamente respondida por este grupo de pixadores. Esta resposta representa uma pulsao de uma cidade!
A historia tem demonstrado que inumeras vezes os criticos, curadores e historiadores equivocam-se diante de manifestaçoes artisticas inusitadas. A Bienal de Sao Paulo teria muito a ganhar se o andar
vazio tivesse sido, apos esta invasao, voluntariamente oferecido aos pixadores e grafiteiros de Sao Paulo que alias projetaram sua arte internacionalmente. O fato da pixaçao nao ser validada e legitimada pode tambem representar uma ausencia de reflexao de criticos e historiadores diante de um fenomeno contemporaneo que escapa de nossos paradigmas habituais.
A abertura da Bienal teria sido um gesto inedito de reconhecimento por uma instituiçao artistica, de uma forma expressiva que se espalhou por toda a cidade e nao pode ser simplesmente ignorada. Uma discussao ampla e bem informada sobre o fenomeno cultural da pixaçao é relevante desde que na medida em que nao é validado enquanto expressao artistica pode ser considerado como vandalismo e justificar repressao.
Diante de todo o exposto, proponho que seja organizado um protesto, seja presencial seja virtual, por todos os meios possiveis, convocando artivistas sejam brasileiros sejam internacionais no sentido de convocarmos nossas energias para que esta mulher seja liberada o quanto antes. Aqueles dentre nos que possam acessar jornalistas, advogados, promotores de justiça, politicos, professores, estudantes, todos que puderem de algum modo interferir favor reenviarem esta mensagem e solicitar solidariedade. Aqueles que puderem traduzir este protesto para outras linguas e enviar para grupos de discussao e instituiçoes estrangeiras favor engajarem-se o quanto antes.
Divulguem este protesto, disseminem esta idéia para que Caroline seja libertada o quanto antes e para que as instituiçoes artisticas e culturais brasileiras nao se tornem cumplices neste cerceamento da liberdade e da expressao.
Artur Matuck
Artista plastico, escritor e professor da Universidade de Sao Paulo
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